#FACILIS DESCENSUS AVERNI#
A noite de imensa luz
O grito que não acaba
Tantas bocas que mastigam
facilis descensus averni!
A carne já não faz parte
A alma jaz carcomida
Mil gerações são corrompidas
facilis descensus averni!
A dôr de não sentir dôr
As lágrimas de rubro sabor
As chagas a balbuciar
facilis descensus averni!
Abantêsmas de negro altar
Com pútrida infecção
Sussuram em ade hostil
A dádiva da perdição.
Palavras em cacos de vidro
Conselhos de um desgraçado
Uma voz de negro fel
Com o timbre enfarpado.
Não há mais salvação,
Tu és "caro data vermibus"
E em unissono ressoam...
FAcilis Descensus Averni...Averni...Averni...Averni...
(Iam Godoy)
#10 PASSOS PARA MORRER#
No primeiro passo olhei para trás e vi alguém me seguindo
No segundo achei uma garrafa
No terceiro um cigarro aceso
No quarto uma mulher
No quinto uma arma
No sexto atirei na mulher
No sétimo larguei a arma
no oitavo achei um espelho
No nono descobri que eu era a mulher que matei
No décimo levei um tiro de quem me seguia,
Ele fumava e bebia.
(Adriano Siqueira)
#HINO AO DESESPERO#
Eu tenho sede
Sede de água de rio lamacento na seca
Sede de vinho
de taça de vidro cravada no peito
Sede de lágrima
De virgem podre na tumba.
Sede de sangue
De rato por vampiro sugado
Sede de cuspe
De freira que do beijo se enoja.
Eu tenho sede de morte
De morte condenada
À imortalidade.
(Alessandro Reiffer)
#CATEDRAL#
Esse túmulo de mortos
Tem pinturas de anjos feios;
Concretos de cores negras
Que de sujeira estão cheios.
Cristo chora e sofre em sangue
Na cruz acima do altar.
a triste canção do orgão
Traz sombras para o lugar.
Eu tento ficar em paz
No Silêncio dessa igreja
Um desejo que jamais
Aqui dão a quem deseja.
Ecoam gritos de dor
Por todo este lugar santo,
São trevas num cobertor
Que me cobre como um manto.
As pessoas vêm aqui
apenas para rezar
Mas qualquer cristão orando
Sempre começa a chorar.
E eu ouço a dor do cristão,
Dor que dói demais sentir
Premendo meu coração,
Começando a me ferir!
(Arcano Soturno)
#GÉLIDO#
Como um morto, não tenho sentimentos.
Tão gélido, meu olhar não se expressa.
Essa brisa congela meus tormentos,
Pareço no seu amor não ter pressa.
O que tortura é o seu lugar preenchido,
Essa ilusão de por mim ser amada.
Falsa esperança tenho prometido,
Sorumbática amante fracassada.
Eu não sofro por ti ser desejado.
Sofro ao saber que por ti sou amado,
Nesse amor que pra ti vira inferno.
Iconoclasta, quebra meu amor
E me constrange a dar-te nessa dor
Rosas brancas para o teu sono eterno.
(Arcano)
#EU SOU#
Seu pesadelo, o mal infinito
Seu medo, o desejo mais bonito
Sou seu carma, teu destino
sou seu destemido vampiro.
Eu sou o motivo de sua dor
Sua agonia, sua anêmia seu terror
Sou a encarnação do mal
Sou seu dono, você meu animal.
Sou um parasita hospedeiro
Moribundo poderoso, que se alimenta de seu desespero
Sou aquele que sua mente cansa,
Que teu corpo chama.
Que teu sangue consome
E com sua vida aos poucos some.
Sou toda a emanação negativa,
Sou a personificação do mal,
Amo assassinar
Sou seu mestre...
Eu sou Vampiro...
(Guto Sioux)
#ANUNCIAÇÃO#
Há anos de datas perdidas
Acontecia a anunciação,
Vida nascendo do trigo
Morte nascendo do pão
Em passos sutis, dançavam
As gêmeas em precisão
Criando a fase de vida
Morte, paz e destruição
O toque tátil que continhas
Era como o beijo de um querubim,
Mutante, deveras estranho,
Mordia e rasgava em mim.
Tão iguais, diferentes assim
Qual será tua progenitora?
A bela dama do campo
Ou a mais fria caçadora?
Olhos celestes, boca infernal
Junção mística ou real,
Qual o nome sagrado
das damas do bem e do mal?
Há anos de datas perdidas
aconteceu a anunciação.
A negra maldade era a luz
E a alva paz, a escuridão.
(Iam Godoy)
#RENEGADOS#
Ela os aceitou assim como eles eram
Excomungados, regeitados,
Deu sua força, sua benção sem pedir nada em troca
Sem cobrar nada...tocando-os com seus véus delicados.
Entre eles havia uma depêndencia
A noite os alimentava, os protegia.
Até os dias recentes ela é cheia de mistérios,
Segredos...e magia.
Eles sabiam...todos, cada um deles,
Fossem os bons ou ruins.
Quando procuravam seu alimento sagrado
Ela os guiava por caminhos, seguros ou não, com trilhas bifurcadas que pareciam não ter fim.
Se aventuravam e se saciavam mas,
Regressavam ainda em sua companhia,
Para seu descanso até a noite seguinte
Que quem dera fosse eterna, extinguindo- se assim a luz do dia...!
(R.Raven)
*DEVANEIOS*
Sou a chama que queima em seu pensamento
A árvore que balança com o sopro do vento.
Sou a arte que brinca em seus dedos
Sou o ardor que corrompe seu ser
Sou o pesadelo que te persegue em seus sonhos
E cada segundo quando pensa em morrer
Sou o desejo que eleva seu membro viril.
Sou o seu devaneio do mais belo ao mais hostil
Na escuridão sou a bruma que lhe envolve
Sou o ódio seu alimento pela vida
Sou o sangue seu alimento após a Morte...
(R.Raven)
*FINADOS*
Estou e ainda existo,
a terra meu mais novo cisto,
Meu berço úmido, meu novo sono
Minha manta, as folhas caidas do outono.
As lágrimas dos inconformados
Banhando a cidade de pouca vida
De mármore feito e talhado
Com frases e fotos comidas.
Por quê me abandonaste assim?
Por quê me negou seu amor?
assim derrubaste o querubim
No negrume eterno da dor.
A pá, minha única espada
O esquife, meu castelo verdadeiro.
A terra, o meu campo de batalha
A morte, meu fiel escudeiro.
(Iam Godoy - 1999)
*NEVAR*
É noite...
Chegaste num vôo louco
Bruma intempérie a planar
Nos arredores do chão.
A vida...
Que corre nas vilas
Em forma de pais, mães e filhas
É a sua obcessão.
Quem dera...
O abraço de suas lúgubres asas
Fôsse a benção que minh'alma
Ansiava por receber.
Tua boca...
Mapeando minha face ponto a ponto, explorada
Na beleza do MORDER.
Nesta face...
Que brilhava em alvo mármore
Bem tratado e sutil
Jamais visto por aqui.
Tão lasciva...
Pela força, libertadas
Brotaram de sua boca, ativa
Gotas do mais puro rubi.
É Noite - A Vida...
Quem dera - Tua boca...
Nesta face - Tão lasciva!
(II)
Então você partiu
Com os lábios e os seios
banhados de fresca vida
deixando-me o estigma.
Do choro rubro do corpo
Que formava entre as curvas
O mapa do fim da vida.
Passaram-se séculos
E o flâmeo ósculo, tilinta
O meu doentil pensar:
- Se és de morte nosso caminho
Se é, em pó e sombras
Que vamos terminar;
Quão maldita vida lança
Que vamo-nos trilhar?
(Iam Godoy)
#EU NÃO#
Eu não sou para ser o que não sou
Para viver a vida
que para todos é a vida, que não é a vida
para mim.
Antes não estivesse estado aqui
nem escrito o que escrevi
versos inuteis que no fundo, bem no fundo
ninguem nunca vai - me ler
é que no fundo essa vida
Como dizem que é a tal vida não vale a pena viver
é que as normas e as regras
que me dizem para que siga
não me servem
não me valem
não me seguem
não me são
Eu não sou
não posso ser humano
sinto nojo do que é igual
náuseas do real
tenho asco de tudo
não me adapto a nada, jamis achei o endereço
que me deram neste mundo
jamais achei o mundo de que tenho o endereço
jamais achei - me:
É que nunca estou onde penso que sou EU
(Alessandro Reiffer)
#SOB OS ESCOMBROS#
Ermo estranho...
Vísceras sangrando sem
espanto.
Um pedestal escuro no
relâmpago, o ouro
brilhando.
Pergaminhos voando...
O vento corroendo um
monte de besteiras.
Corrompendo a alma
das Trevas visionária.
Que eu saiba então ser
a misericórdia das bestas.
Pois que este ermo
são elas vestidas de
luto e rosas negras.
Ah! Esta é a minha
Língua mais
fantasmagórica!...
(Ana Dominik Spuk)
#MÁRMORES E CETINS#
Faz tempo vi a lua.
Esdrúxula e temporária
como o sangue
ácido.
Agora o tempo são as
horas,
senhoras moças
fazendo rendas pretas.
Caio de joelhos ante ao
vampiro que me escora.
Sábio...
Ele é a lua,
nu, cru,
Jura-me sua perene
alvura.
Hoje é dia de ver o
fogo...
A lua, o vampiro,
estão dentro de mim
tecendo mármores
e cetins.
#DIÁLOGO FRIO#
Genuína Sombra,
que me socorre e
me põe em febre.
Diria a Ti um mundo
de juras,
Estas tantas meninas
de além-mundos.
Estes hálitos mornos
por vezes caóticos.
Mas Sombra, na minha
discórdia com o clarão de
alguns reis insólitos,
Aqui no fundo Te cumprimentei...
Tua Mão que me levantou de
um túmulo.
(Ana Dominik Spuk)
#CADÁVER#
Gritos são ouvidos nas trevas
Choques, pontapés, tapas e socos
Dilaceram um corpo pendurado
Com carne no açougue.
Torturadores exigem respostas
De um estudante vazio de perguntas.
Seu sangue escorre pelo rosto
Enquanto navalhadas cortam-lhe o peito.
Voz e a razão
Não mais lhe habitavam
Somente seu silêncio:
O estudante finalmente estava “livre”...
Dias depois um corpo
Em estado de putrefação fora encontrado.
Mais uma vez apenas o silêncio:
Ninguém viu
Ouviu,
Sequer falou...
(Agamenon Troyan)
# CICLO DO VENTO FRIO#